Um lugar de muitas estórias
Constituído por seis núcleos e com um investimento de cerca de 1,2 milhões de euros, o projeto do novo museu foi uma iniciativa da Câmara Municipal de Almeida e integra a Rede de Judiarias de Portugal.
Ocupa dois antigos armazéns ferroviários, com uma área de cerca de 500m2, alvo de um contrato de subconcessão entre a IP Património e a edilidade, localizando-se na Estação de Vilar Formoso, definindo o limite Sul/Sudoeste do Largo da Estação.
De assinalar a excelente recuperação do Cais Coberto, que manteve a originalidade do edifício e o cuidado estético revelado em todo o memorial e na reabilitação do espaço envolvente.
Nos dois antigos armazéns, unidos como que por um túnel retorcido, foram instalados seis núcleos expositivos sobre os temas "Gente como Nós", "O Início do Pesadelo", "A Viagem", "Vilar Formoso – Fronteira da Paz", "Por Terras de Portugal" e "A Partida", que narram as vivências de milhares de pessoas desde a década de 1930 à fuga às tropas nazis e ao seu calvário para obtenção de vistos, à sua chegada a Vilar Formoso de comboio ou de automóvel ao seu refúgio em Portugal e, por fim, à partida de muitos para outras paragens, em especial no Novo Mundo.
A historiadora Margarida Magalhães Ramalho foi responsável pela pesquisa sobre os refugiados e coordenação de todos os conteúdos do memorial, sendo o projeto de arquitetura do polo museológico da arquiteta Luísa Pacheco Marques.
Entre 17 e 19 de junho de 1940, Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus, assinou 30 mil vistos para salvar pessoas dos campos de concentração e do holocausto nazi, contrariando as ordens do Governo de Salazar, situação que o levaria à expulsão da carreira diplomática. Muitos desses refugiados vindos de França e de outros países europeus invadidos pela tropas alemãs entraram em Portugal pela fronteira de Vilar Formoso, cuja população acolheu e partilhou a pouca comida que tinha com os milhares de refugiados, nos seus primeiros dias em Portugal.
O novo museu expõe cartas, fotografias, filmes e outros documentos da época, testemunhos de pessoas que passaram por Vilar Formoso e depoimentos gravados com refugiados ainda vivos ou com as suas famílias.