Rotas dos Azulejos - Travessia Ferroviária Norte-Sul
Sobre a Obra Azulejar da sua autoria, patente nas estações de Entrecampos e de Sete Rios , escreve Carlos Roxo : “A conceção das paredes, em forma e em cor, tomou em conta todo o espaço em que se integravam, sabendo eu de antemão que teriam de conviver com situações ou equipamentos técnicos, como bocas de incêndio, sinalizações, portas, etc. (…) No meu trabalho com o azulejo em Entrecampos há duas atitudes diferentes. Numa, a composição é perfeitamente estática. Isto é, a visão ou fruição das paredes – não lhes chamo painéis – é frontal, sem movimento. Optei, então, por uma proposta pontuada. Pontuei-a de forma que a leitura fosse apreendida de uma só vez. Outra, em paredes laterais, a opção foi dinâmica porque são lidas em movimento. Nestas não há só um trabalho de cor, mas também um valor rítmico.” (…) A criação do ambiente foi fruto de uma pesquisa estética, onde se procurou um elemento aglutinador para o qual contribuíram os mais diferentes elementos. A cor foi um dos elementos propulsores dessa intenção, como tantos outros, tal como o desenho das balaustradas, das escadas, dos tetos, das condutas. Há neste projeto uma forte relação entre a arquitetura e o caminho-de-ferro, no emprego dominante das estruturas metálicas e da cor que, já no século XIX constituíam a linguagem das estações. (…) No meu entender, a Arte deverá, por excelência, estar integrada na arquitetura, como um todo, ganhando, então, um papel eminentemente público e social. Se pensarmos numa obra de Arte integrada num edifício, o seu público torna-se potencialmente mais vasto e rico.” in “Sem Margens” Sobre a Obra Azulejar da sua autoria, patente nas estações de Campolide , Pragal , Corroios , Foros de Amora , Fogueteiro , Coina , Penalva , Venda do Alcaide e Palmela-A escreve Motta Guedes : “A intenção da subtileza, ou modéstia, como queira chamar-lhe, das intervenções foi intencional. Eu, como autor do projeto de arquitetura, considero que as intervenções artísticas devem viver em consonância e em diálogo com a arquitetura sem a apagar ou ofuscar, proporcionando antes uma vivência em conjunto. No meu caso, uso mosaicos com desenhos geométricos repetitivos, com a intenção de reforçar a arquitetura. Por isso não havia a intenção nem de confronto nem de chamar demasiadamente a atenção.” Entrevista a João da Motta Guedes por Francisco Vaz Fernandes, in “Sem Margens” Sobre a Obra Azulejar da sua autoria patente na estação de Sete Rios , escreve Rogério Ribeiro : “Pensei que o tema teria a ver com Sete Rios, o topónimo do local, que se deve muito provavelmente a correntes de água ou rios que por ali houvesse. Na procura de um tema lembrei-me de associar ainda uma música do Zeca Afonso, “sete bruxas, sete medos… o que também foi pretexto para o desenvolvimento de uma figuração, especialmente no painel que fica na saída da estação. Esse é que tem representadas as sete fontes que significariam os sete rios. (…) A figura de Ícaro surgiu-me quando comecei a ler as Metamorfoses de Ovídio. O importante desta história é o facto de usar o impossível. A vida está cercada, de forma metafórica, de labirintos onde nos encontramos e nós estamos a tentar sair de um labirinto para outro labirinto. (…) O Ícaro simboliza um pouco isso. São as asas da liberdade. Se caiu ou não, pouco importa.” Entrevista a Rogério Ribeiro por Francisco Vaz Fernandes, in “Sem Margens” Obras de Arte 19
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