Dia Internacional dos Monumentos e Sítios 2023 - Património e Mudança

Património
Património Histórico
Requalificação do Património
  • Estação de Vilar Formoso
  • Antiga Estação de Monção
  • Estação da Régua
  • Estação do Tua
  • Estação de Vilar Formoso

IP e IP Património assinalam a data dando a conhecer alguns dos Cais redescobertos na rede ferroviária.

O Dia Internacional dos Monumentos e Sítios (DIMS) foi criado pelo Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS) a 18 de abril de 1982 e aprovado pela UNESCO com o objetivo de sensibilizar os cidadãos para a diversidade e vulnerabilidade do património, bem como para a necessidade da sua proteção e valorização. Celebrando o património nacional, comemora também a solidariedade internacional em torno do conhecimento, da salvaguarda e da valorização do património em todo o mundo. 

Com o tema “Património e Mudança” pretende-se divulgar a apresentação de estratégias que demonstrem todo o potencial da pesquisa e das práticas patrimoniais enquanto elemento de resiliência e estabilidade num mundo em constante transformação, definindo planos de resistência e adaptação às mudanças climáticas, estimulando a reconciliação das comunidades com os seus habitats, impulsionando a divulgação da diversidade do património construído e imaterial e a sua apreensão enquanto parte integrante de um ecossistema, apoiando a criação e concretização de ideias inovadoras, orientadas para a cidadania global e para o empreendedorismo com impacto na economia verde. Refletindo os desafios e ameaças do tempo em que vivemos, Património e Mudança traduz a oportunidade de reforçar as questões de salvaguarda, de inovação e de compromisso com a herança comum que nos une enquanto fatores de identidade e de esperança.

Para a abordagem ao tema DIMS deste ano a IP e a IP Património dão a conhecer um dos edifícios mais característicos da paisagem ferroviária nas estações – os cais cobertos, alvo de uma recente iniciativa no âmbito da preservação do património imobiliário ferroviário.

 


Os Cais Redescobertos


“A noção de monumento histórico engloba a criação arquitetónica isolada, bem como o sítio, rural ou urbano, que constitua testemunho de uma civilização particular, de uma evolução significativa ou de um acontecimento histórico. Esta noção aplica-se não só às grandes criações, mas também às obras modestas do passado que adquiriram, com a passagem do tempo, um significado cultural.” Carta de Veneza sobre a conservação e o restauro de monumentos e sítios – Artigo 1º

Com o aparecimento do transporte ferroviário de passageiros e mercadorias foi necessário equipar as estações ferroviárias com várias estruturas de apoio, entre as quais se contam os cais cobertos. Estes edifícios-armazéns destinavam-se à guarda e armazenamento temporário de bens, tendo francos acessos ferroviários e rodoviários, os quais na sua maioria, dependendo do volume de mercadorias, eram equipados com guindastes e balanças, aliados a cais descobertos (grandes plataformas sobrelevadas) que em muito facilitavam as operações de cargas e descargas.

Das abas da cobertura, e do lado da linha-férrea, estava muitas vezes pendurado um gabarito de carga, ou cércea, peça que permitia condicionar a carga dos vagões. Um dístico com o nome da estação constava dos alçados destes edifícios.

Pedro Vieira de Almeida* refere-se a estes edifícios como dos mais significativos no conjunto do território da estação “que, particularmente nas linhas do Minho e do Douro, atingem uma impressiva qualidade plástica, grandes corvos de asas abertas pousadas no solo”.
Têm quase sempre estrutura de madeira e telhado de duas águas lançadas sobre a linha férrea e o acesso rodoviário.

Pessoal ferroviário - O atendimento aos passageiros e a gestão da exploração das Estações eram efetuados por Chefes de Estação e Fatores (categorias profissionais que antecederam os Operadores/Controladores de circulação), apoiados por Auxiliares e Serventes de estação (categorias profissionais que antecederam aos Operadores de Manobras) nomeadamente na entrega e despacho das mercadorias (a granel, tarifas especiais ou vagões completos).

* Pedro Vieira de Almeida e Rafael Salinas Calado in “Aspectos Azulejares na Arquitectura Ferroviária Portuguesa”, Caminhos de Ferro Portugueses, EP, Lisboa, 2001


Património em mudança

Uma das mais recentes iniciativas, no âmbito da preservação do património imobiliário ferroviário, está associada à modernização e eletrificação do troço Marco de Canaveses / Peso da Régua, na Linha do Douro. Este projeto considerou o aproveitamento do interior dos “cais cobertos” em quatro das estações – Juncal, Mosteirô, Aregos e Rede, para a instalação de edifícios técnicos associados às designadas salas de sinalização/telecomunicações e exploração ferroviárias.

Esta iniciativa pretende a preservação e reabilitação dos “cais coberto” existentes, edifícios tão característicos do panorama ferroviário dos séculos XIX e XX e evita a construção de novos edifícios num meio de um conjunto de elevado potencial patrimonial, formado pelos edifícios de passageiros, edifícios das instalações sanitárias e pelos próprios cais cobertos.

Esta iniciativa foi não só acolhida no âmbito da Avaliação de Impacto Ambiental, como incentivada pela Direção Geral do Património Cultural como exemplo a considerar nas restantes estações da Linha do Douro.

Esta estratégia será consequentemente implementada na modernização e eletrificação da parte remanescente da Linha do Douro, entre Peso da Régua e Pocinho, bem como na reabertura do troço Pocinho / Barca D’Alva.

Exemplos de outros cais cobertos preservados e reabilitados para novos usos são os das estações da Régua e Tua, na Linha do Douro, de Vilar Formoso, na Linha da Beira Alta e da antiga estação de Monção no antigo Ramal de Monção.

 

Estação da Régua

O cais coberto da Estação da Régua, com 200 metros de comprimento, configuração em curva e concebido em madeira num único volume é, talvez, o mais relevante da rede ferroviária.

Este cais coberto foi alvo de profunda remodelação, alberga atualmente lojas de vinhos e um restaurante e está em vias de classificação pela Direção Geral do Património Cultural como IIP-Imóvel de Interesse Público.

 

Estação do Tua

Aqui está instalado o Centro Interpretativo do Vale do Tua.

  • Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2020 para a melhor Intervenção Inferior a 1.000 metros.
  • Menção Honrosa do Prémio Arquitetura do Douro 2019.

 

Estação de Vilar Formoso

Inaugurado no Município de Almeida a 26 de agosto de 2017, o Museu “Vilar Formoso Fronteira da Paz – Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes” pretende relembrar o papel crucial que Portugal desempenhou no acolhimento aos refugiados durante a II Guerra Mundial.

Este Pólo Museológico, foi construído a partir de dois armazéns existentes localizados na Estação de Caminhos de Ferro de Vilar Formoso, é espaço expositivo que integra seis núcleos distintos (Gente como Nós, O Início do Pesadelo, A Viagem, Vilar Formoso - Fronteira da Paz, Por Terras de Portugal e A Partida) que pela sua forma se relacionam simbolicamente com a Estrela de David, convidando o visitante a “vestir a pele” de um refugiado no percurso até à liberdade.

 

Antiga Estação de Monção

A incubadora de Monção designada por Habitat Criativo Incubadora de empresas (surge na adaptação do antigo edifício do cais da Estação) e visa apoiar entidades, empresas, jovens empreendedores, desempregados, disponibilizando espaços físicos para o desenvolvimento das suas atividades, proporcionando-lhes a inserção em contexto empresarial com possibilidade de incumbir em parcerias, clusters, sinergias e adicionalmente à participação em consórcio de projetos promovidos por outras empresas.

Enquanto Centro de Incubação de Oportunidades de Negócio, visa contribuir para a promoção da Inovação, do Empreendedorismo e a criação de Emprego por conta própria e de empresas, com impacto na produtividade e na competitividade regional e nacional.